Essa situação decorre da inclusão destas prefeituras na relação de limitações dentro do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal), um sistema centralizado que agrega em sua plataforma todas as informações pertinentes às atividades orçamentárias, patrimoniais e financeiras da União Federal.

No total, há atualmente 60 prefeituras brasileiras que enfrentam restrições no recebimento de recursos federais, incluindo os repasses do renomado FPM (Fundo de Participação dos Municípios) – a principal fonte de financiamento para vários municípios em todo o país.

No tocante ao ranking, destacam-se os estados do Rio Grande do Sul e Goiás, ambos com 7 municípios bloqueados. Contudo, é importante salientar que essa classificação desfavorável abrange também estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Piauí, Alagoas, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Para uma listagem completa, consulte o rol apresentado ao longo deste artigo.

Este cenário reforça a necessidade de um gerenciamento financeiro transparente e responsável por parte das administrações municipais, visando assegurar a fluidez dos recursos e o desenvolvimento sustentável das cidades.

De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios( CNM), os principais motivos para uma prefeitura entrar na lista do Siafi são:

  • Ausência de pagamento da contribuição ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep);
  • Dívidas com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);
  • Débitos com a inscrição da dívida ativa pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN);
  • Falta de prestação de contas no Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde (Siops). 

Contas rejeitadas

Na semana passada, a CNM realizou evento com mais de mil prefeitos em Brasília, onde debateram o projeto de reforma tributária que tramita no Congresso Nacional. Na ocasião, o presidente da entidade, Paulo Ziulskoski, revelou que mais da metade dos municípios do Brasil está operando no vermelho e correm o sério risco de terem as contas rejeitadas:

“Há uma progressão quase que contínua no déficit público, ou seja, os municípios estão arrecadando cada vez menos e a despesa aumentando cada vez mais”, observou o gestor. 

“O custeio é o principal elemento que detona essa crise e a despesa de pessoal. Então, é quase uma tempestade perfeita: 51 % dos municípios do Brasil estão claramente nessa evolução negativa, porque a receita está caindo e a despesa aumentando. Aonde isso vai parar?”, indagou.

Como resolver

De acordo com o consultor de Orçamento César Lima, se o bloqueio acontecer devido a inadimplências, os representantes das prefeituras nesta situação devem procurar a Receita Federal ou a PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional) de sua região e negociar a situação, de maneira que o município volte a receber o dinheiro.

“O que eu indico é que esses municípios procurem aí a Receita Federal ou a PGFM para negociar essas dívidas. Após a negociação, pagando a primeira parcela, o desbloqueio já é automático”, orientou o especialista.

Municípios bloqueados

Nem sempre a restrição se deve a inadimplências ou a atrasos de pagamento de tributos. A causa do bloqueio também pode acontecer por questões burocráticas, como o não fornecimento de algum tipo de documento.

Os recursos continuarão disponíveis ao município — porém, permanecerão congelados — até que as pendências sejam regularizadas. Para desbloquear o repasse, a prefeitura deve identificar o órgão que determinou o congelamento e, em seguida, descobrir o motivo e regularizar a situação.

O fato de um grande número de prefeituras do RS ter liderado, por três semanas consecutivas, a lista de cidades incluídas no Siafi será tema de reunião a ser realizada na quarta-feira (23) pela Associação Gaúcha de Municípios (AGM), conforme informou a Assessoria de Imprensa da entidade. Veja abaixo a lista completa.

FPM: confira na lista se sua prefeitura está impedida de receber

  1.  ACOPIARA-CE
  2.  ÁGUA COMPRIDA-MG
  3.  ÁGUAS FRIAS-SC
  4.  AVELINOPOLIS-GO
  5.  BENJAMIN CONSTANT-AM
  6.  BOA VISTA DO INCRA-RS
  7.  BOM JESUS DE GOIÁS-GO
  8.  BREVES-PA
  9.  BRUNÓPOLIS-SC
  10.  BURITINÓPOLIS-GO
  11.  CALDAZINHA-GO
  12.  CAMPINÁPOLIS-MT
  13.  CAPELA-SE
  14.  CARAZINHO-RS
  15.  CARLOS BARBOSA-RS
  16.  CENTRAL-BA
  17.  CIDELÂNDIA-MA
  18.  CODÓ-MA
  19.  COXIM-MS
  20.  CRISTALÂNDIA-TO
  21.  CRIXÁS DO TOCANTINS-TO
  22.  CRUZEIRO-SP
  23.  DIAMANTINO-MT
  24.  DOIS RIACHOS-AL
  25.  DURANDE-MG
  26.  FAZENDA NOVA-GO
  27.  FREI PAULO-SE
  28.  GAMELEIRA DE GOIÁS-GO
  29.  ITABAIANA-PB
  30.  ITIRUCU-BA
  31.  LAGOA DA PRATA-MG
  32.  LAJEADO DO BUGRE-RS
  33.  LAJES-RN
  34.  LUIS DOMINGUES-MA
  35.  MIRACEMA-RJ
  36.  MIRAIMA-CE
  37.  MUNDO NOVO-MS
  38.  NITERÓI-RJ
  39.  NOVA ALIANÇA DO IVAÍ-PR
  40.  NOVA AMÉRICA DA COLINA-PR
  41.  NOVO ORIENTE DO PIAUÍ-PI
  42.  PACATUBA-SE
  43.  PARAIPABA-CE
  44.  PILAR-PB
  45.  PORTO DA FOLHA-SE
  46.  RIO DO FOGO-RN
  47.  RORAINÓPOLIS-RR
  48.  SANTA LUZIA-MG
  49.  SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA-RJ
  50.  SÃO GONÇALO-RJ
  51.  SÃO JOSÉ DE UBÁ-RJ
  52.  SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA-GO
  53.  SÃO PEDRO DA ALDEIA-RJ
  54.  SEDE NOVA-RS
  55.  SEROPEDICA-RJ
  56.  SERRA DO RAMALHO-BA
  57.  TERRA DE AREIA-RS
  58.  TRÊS DE MAIO-RS
  59.  VÁRZEA ALEGRE-CE
  60.  VASSOURAS-RJ

Outro lado

Ao lado de Goiás, o Rio Grande do Sul lidera a lista. A cidade de Imbé, no litoral gaúcho, estava na lista por pendências do Siafi e os recursos acabaram bloqueados.

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Segundo o técnico contábil da Secretaria de Fazenda do município, Luciano Pasa, o bloqueio aconteceu por um processo judicial que, por questões burocráticas, não teve baixa no sistema da Receita Federal. 

“Era um processo que nós tínhamos de uma discussão judicial, transitada em julgado, uma questão sobre a licença-saúde. O juiz deu em favor do município, na hora de compensar o sistema da Receita [Federal] não estava disponível e foi feito via processo digital — conforme orientação da própria Receita. Como não foi automático, ficou como pendência.”

Mas, segundo o servidor, o problema já foi solucionado e o crédito do FPM entrou nesta terça (22) nas contas do município. “Um valor alto, que faz falta e complica sim.”

A reportagem do Portal entrou em contato com as prefeituras das seguintes cidades, mas não conseguiu retorno:

  • BOA VISTA DO INCRA-RS 
  • CARAZINHO-RS
  • CARLOS BARBOSA-RS
  • LAJEADO DO BUGRE-RS 
  • SEDE NOVA-RS
  • TERRA DE AREIA-RS 
  • TRÊS DE MAIO-RS 
  • VICENTE DUTRA-RS
  • GAMELEIRA DE GOIÁS-GO
  • SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA-RJ
  • SÃO GONÇALO-RJ
  • SÃO JOSÉ DE UBÁ-RJ
  • SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA-GO
  • SÃO PEDRO DA ALDEIA-RJ

Importância do FPM

O FPM é uma das principais fontes de receita dos municípios. Conforme dados da CNM (Confederação Nacional de Municípios), o Fundo é a maior fonte de recursos para cerca de 60% das prefeituras de todo o Brasil.

O dinheiro é fundamental, principalmente para as prefeituras de cidades menores e mais pobres, e serve para manter a folha de funcionários em dia, além de pagar despesas com saúde e saneamento básico. Quando cai a arrecadação, a maioria dos gestores municipais enfrenta grandes dificuldades para manter as contas em dia. 

Como funciona

O FPM é um fundo advindo da arrecadação da União com os valores recebidos pela Receita Federal, através do Imposto de Renda e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). São três transferências de recursos por mês, feitas a cada dez dias (por isso o nome “decêndio”).

Se a data cair no sábado, domingo ou feriado, o repasse é antecipado para o primeiro dia útil anterior. O dinheiro das prefeituras é creditado pelo Banco do Brasil. 

Os percentuais de participação de cada município são calculados pelo TCU, conforme o número de habitantes de cada cidade e a renda per capita dos estados. Os municípios são divididos em três categorias: capitais, interior e reserva.

Fonte: Brasil 61.

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