Ministério da Saúde Repassa R$ 100 Milhões para 913 Municípios no Combate à Tuberculose
O Ministério da Saúde anunciou o repasse de R$ 100 milhões a 913 municípios para reforçar o combate à tuberculose. Os locais respondem por 67% dos casos novos da doença registrados em 2024.
Critérios como vulnerabilidade social e territórios com populações privadas de liberdade e comunidades indígenas também foram levados em conta. Além das prefeituras, 24 secretarias estaduais de saúde e o Distrito Federal foram habilitados para receber os recursos.
Para articular a implementação nas cidades, o governo federal promoveu debates com orientações técnicas aos gestores locais. Segundo Fernanda Dockhorn, coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Microbactérias Não Tuberculosas do Ministério da Saúde, “este é um marco muito importante para a vigilância e para o nosso objetivo, como país, de eliminar a tuberculose como problema de saúde pública”.
Transmitida pelo ar — quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala — a tuberculose tem como principal sintoma a tosse persistente, que costuma durar três semanas ou mais. Moradia e alimentação ainda são condições relacionadas ao adoecimento.
“A tuberculose está ligada muito às condições de vida da população. Então, as populações que vivem em uma situação de empobrecimento, em ambientes aglomerados, onde o ar não circula tão bem, estão mais sujeitas ao adoecimento. Além disso, as pessoas em situação de vulnerabilidade social, muitas vezes, vivenciam mais dificuldades de acesso a serviços e diagnóstico tardio”, aponta a especialista.
E complementa. “Se uma pessoa vivencia problemas em relação à segurança alimentar, está com dificuldades de ter acesso a uma alimentação adequada, ela acaba tendo maior risco de ter tuberculose depois de uma infecção”.
A ação integra a política de saúde voltada ao fortalecimento da vigilância epidemiológica, prevenção e controle da tuberculose em contextos de alta vulnerabilidade social.
Projeções preocupantes
A incidência da tuberculose em 2023 foi de 39,8 casos por 100 mil habitantes, muito acima da meta da OMS (6,7/100 mil).
Pesquisas indicam que, se as políticas atuais continuarem, a taxa poderá atingir 42,1 por 100 mil em 2030. Estratégias mais integradas, como ampliação de tratamento diretamente observado e foco em populações vulneráveis, poderiam reduzir essa taxa para cerca de 18,5/100 mil.
Globalmente, a tuberculose voltou a ser a principal causa de morte por doença infecciosa, conforme relatório da OMS para 2023. Nas Américas, há um aumento nos casos, com cerca de 900 novos diagnósticos diários e 100 mortes por dia.
A Organização Pan-Americana de Saíde – OPAS destaca o uso de tecnologias como radiografia com IA e testes moleculares rápidos como fundamentais para melhorar o diagnóstico, especialmente em populações vulneráveis ou privadas de liberdade.
Pesquisas
Uma pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) criou um teste molecular rápido e colorimétrico para diagnóstico da tuberculose, capaz de fornecer resultados em aproximadamente uma hora.
O método utiliza reagentes nacionais, exige menos infraestrutura e é mais econômico que os testes tradicionais de PCR com insumos importados. O teste ficou entre os finalistas do 17º Prêmio Ciência, Tecnologia e Inovação para o SUS e já teve a patente registrada. A equipe está agora focada em escalar o sistema para produção industrial.
As iniciativas recentes no Brasil refletem avanços importantes tanto no âmbito tecnológico — com o teste rápido da UFSM — quanto no campo da saúde pública, com transferência de recursos e ações de capacitação e monitoramento. Embora haja progresso, ainda há desafios significativos: a incidência da doença continua elevada e está longe das metas da OMS.
Para acelerar a eliminação da tuberculose, será essencial reforçar intervenções integradas, priorizar populações em situação de vulnerabilidade e fortalecer o diagnóstico precoce e o tratamento preventivo.
Por Lucas A L Brandão/Portal Convênios – Fonte: Brasil 61.
