Por Mariana Garcia e Victor Farias, g1
Os municípios de Minas Gerais lideram o ranking de maior abstenção no primeiro turno das eleições de 2022. A taxa de abstenção se refere à quantidade de eleitores que estavam aptos a votar e não compareceram.
Entre as 50 cidades com as mais altas taxas, 35 estão no estado, a maior parte delas na região norte. Puxando a lista está a cidade de Rio Vermelho (MG), com 40,49% – quase o dobro da média nacional deste ano, de 20,9%. Em segundo lugar está Santo Antônio do Itambé (MG), com 40,34%.
De acordo com o analista político e professor da Fundação Dom Cabral Bruno Carazza, por se tratar de uma região pobre, o norte de Minas tem muitos migrantes, que saem dos seus municípios para cidades maiores em busca de melhor condição de vida.
“São regiões pobres de Minas, isso prejudica bastante, porque como é uma região pobre você tem mais migrantes, as pessoas mudam de cidades, para maiores centro urbanos em busca de melhor condição de vida. Essas pessoas não fazem a transferência do título, e isso conta como abstenção”, afirma.
Além disso, o fato de que muitas cidades da região não terem feito o cadastro biométrico impacta na qualidade dos dados, que podem estar desatualizados.
Em terceiro lugar está a cidade de Maraã, no Amazonas, com 39,43%. Amazonas é o segundo estado onde eleitores aptos não compareceram para votar, com seis cidades. Além de Maraã, as amazonenses Envira (37,60%) e Santa Isabel do Rio Negro (37,37%) registraram números acima da média do país.
Maiores e menores abstenções
Apesar de aparecerem como recordistas de abstenção, Minas Gerais e Amazonas não lideram o ranking de estados.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rondônia foi o estado com a maior taxa: 24,64%. Em seguida vem o Mato Grosso (23,37%) e Rio de Janeiro (22,74). Minas Gerais aparece em 6º lugar (22,28%) e Amazonas em 14º (20,12%).
Do outro lado da tabela estão estados do Sul. Os municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina dominam o top 50 de comparecimento, com 21 e 15 cidades, respectivamente.
O topo do ranking ficou com a cidade de Bela Vista do Piauí, no Piauí, com 8,82% de abstenção. Na sequência, duas cidades gaúchas: Nova Candelária (9,03%) e Santa Maria do Herval (9,13%).
Abstenção em 2022
Nas eleições de primeiro turno deste ano, a abstenção atingiu o maior percentual desde 1998: 20,9%. A porcentagem equivale a mais de 32 milhões de eleitores que não compareceram às urnas. Em 1998, esse percentual foi de 21,5%. O maior percentual de abstenção foi registrado em 1994 (29,3%), quando cerca de 1 em cada 3 eleitores aptos não compareceram.
Rondônia foi o estado com a maior taxa: 24,64%. Em seguida vem o Mato Grosso (23,37%), Rio de Janeiro (22,74%), Acre (22,42% e Alagoas (22,37%). Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, a taxa de abstenção foi de 21,62%.
Em comparação com 2018, a abstenção aumentou em quase todos os estados. As exceções são Tocantins, Sergipe, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Distrito Federal. A maior mudança ocorreu no Acre. Em 2018 a abstenção no estado foi de 19%, enquanto agora foi de 22,3%.