Operação Unha e Carne: Alerj Decide Revogar Prisão de Bacellar
Em uma tarde marcada por tensão, discursos acalorados e clima de dramaticidade digno de novela política, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) decidiu, em sessão extraordinária, pela soltura do presidente afastado da Casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil).

O placar — 42 votos a favor, 21 contra e 2 abstenções — escancarou a divisão interna e alimentou ainda mais o turbilhão político que tomou conta do estado após sua prisão.
A votação, acompanhada com expectativa por aliados, opositores e curiosos, virou o centro das atenções no Palácio Tiradentes. Corredores ferviam com rumores, enquanto parlamentares trocavam acusações e discursos inflamados sobre a postura da Justiça e o futuro da própria Alerj.
Deputado Detido Dentro da PF
Rodrigo Bacellar foi preso preventivamente na manhã de quarta-feira (3), como parte da Operação Unha e Carne, deflagrada pela Polícia Federal.
A ação, que já vinha sendo tratada como explosiva nos bastidores políticos, ganhou contornos ainda mais espetaculares porque a prisão ocorreu enquanto Bacellar prestava depoimento na sede da própria PF, no Rio de Janeiro.
A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a captura imediata após indícios contundentes de que Bacellar poderia estar envolvido em um esquema de vazamento de informações sigilosas.
A Suspeita: Vazamento Teria Salvado TH Joias
Segundo a Polícia Federal, Bacellar é suspeito de repassar informações internas da Operação Zargun, que tinha como alvo o deputado estadual TH Joias, posteriormente preso.
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Esse vazamento teria antecipado detalhes cruciais da operação, comprometendo meses de investigações e levantando suspeitas de que um grupo influente tentava blindar aliados políticos.
A PF afirma que o vazamento atrapalhou o andamento das diligências, levantando dúvidas sobre quem mais poderia estar envolvido no suposto esquema de proteção a parlamentares investigados.
Clima de Divisão e Pressão na Alerj
Dentro da Assembleia, a sessão que decidiu pela soltura de Bacellar foi carregada de emoção e retórica inflamável.
Parlamentares favoráveis à liberação alegaram “exagero” na medida e defenderam o direito do deputado de responder às acusações em liberdade. Já os contrários classificaram a decisão como “temerária” e alertaram para o risco de interferência nas investigações.
Enquanto isso, nos bastidores, aliados de Bacellar teriam mobilizado intensa articulação para garantir votos suficientes — movimento que, para opositores, reforça a narrativa de que o caso é apenas a ponta de um iceberg político.
Foram 42 votos “sim”, para soltar Bacellar e 21 votos “não”
- Todos os deputados presentes do União Brasil, partido de Bacellar, votaram “sim”, pela revogação da prisão;
- PP (4 votos), o Solidariedade (4 votos), o Republicanos (3 votos), o PRD, o Podemos, o PMN, o PMB, o PDT, o Avante e o Agir (cada um desses com 1 voto) deram apenas votos a favor da revogação;
- No PL, foram 14 votos “sim” e 3 votos “não”;
- PT e PSD deram mais votos não do que sim: o PT foram 5 votos “não” e 1 voto “sim” e, no PSD, foram 3 votos “não” e 2 votos “sim”;
- Todos deputados presentes do PSOL (5 votos), PSB (2 votos) e PCdoB (2 votos) votaram “não”.
- As duas abstenções foram dos deputados Delegado Carlos Augusto (PL) e de Rafael Picciani (MDB);
- Os cinco deputados ausentes foram: Dioniso Lins (PP), que está de licença médica, Felipe Soares (União Brasil), Cláudio Caiado (PSD), Vinicius Cozzolino (União Brasil) e Rodrigo Bacellar, que está preso.
O que disseram os deputados ?
O deputado Carlos Minc (PSB), favorável à manutenção da prisão, afirmou que o crime organizado tem tentáculos no poder público. “Temos que cortar esses tentáculos, se não este parlamento será contaminado pelo crime organizado”.
Já a deputada Índia Armelau (PL) afirmou: “Eu quero o que é justo. Estamos indo para um caminho sem volta. Não temos mais o poder para defender o que é certo. Toda hora iam pedir alguma coisa a ele, aí ele servia. Agora que ele está preso ele não serve mais? “
O Que Vem Agora?
Com a decisão da Alerj, em breve Rodrigo Bacellar estará novamente em liberdade, mas o ambiente político permanece contaminado por incertezas.
As investigações da Polícia Federal continuam em pleno andamento, e a suspeita de envolvimento em vazamento de informações sigilosas paira como uma nuvem carregada sobre o deputado.
O episódio promete render novos desdobramentos — e cada passo do processo deve ser acompanhado com atenção por um Rio de Janeiro já acostumado a histórias políticas que mais parecem roteiros de novela.
Por: Lucas A L Brandão/Portal Convênios





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